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Espaço Feodorova 

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Eugenia Feodorova  (1923-2007)

 

 

Eugenia Feodorova nasceu em Kiev, capital da UcrĂąnia, entĂŁo uma das repĂșblicas da URSS, em 17 de outubro de 1923. Genia, como era chamada por seus amigos e familiares, sempre foi muito dedicada. Quando criança, era a mais levada das trĂȘs irmĂŁs. Aluna aplicada, sempre tirava boas notas e sempre se dedicara muito ao balĂ©, que Ă© sua maior paixĂŁo.

 

Formada pela Escola CoreogrĂĄfica Estatal de Kiev, teve sua promissora carreira interrompida pela Segunda Guerra Mundial. Veio para o Brasil em 1954, onde realizou trabalhos como mestra coreĂłgrafa. Feodorova tinha uma vitalidade fĂ­sica impressionante. Quando pequena, durante o rĂ­gido inverno ucraniano com temperaturas que chegavam a menos 20 graus, saia de casa para ensaiar, mesmo com escolas fechadas e com o governo recomendando que todos ficassem em casa para nĂŁo se expor as fortes nevascas que assolavam a cidade. Com o transporte pĂșblico inoperante, Feodorova caminhava atĂ© a Escola CoreogrĂĄfica Estatal de Kiev para ensaiar, sozinha e sem professora, e voltava da mesma maneira, a pĂ©. No dia seguinte, ela acordava antes de todos de sua casa, sempre bem disposta e ansiosa pelas aulas de balĂ©. Os Ășnicas fatores que a impediram, de modo temporĂĄrio, de exercer sua profissĂŁo como bailarina ou coreĂłgrafa, foram a Segunda Guerra Mundial em 1941, e uma artrose no ano 2000, pela qual sofreu uma operação e logo se recuperou.

 

Feodorova fez também um curso de aperfeiçoamento no Kirov de Leningrado. Retornou a Kiev, começando a vida profissional como solista do Teatro Estatal. Seu inicio de carreira promissor, foi interrompido em 1941, quando Hitler e Stalin romperam o pacto germano-soviético que, até então, preservava a URSS do horror da Segunda Guerra Mundial, começada em 1939. Eugenia Feodorova, como vårios de seus compatriotas, perdeu amigos, família e foi obrigada a trabalhar em campos de concentração, até abril de 1945, quando os nazistas debandaram diante do avanço do exército soviético.

 

PĂłs-guerra

Sem saber que KĂĄtia, uma de suas irmĂŁs, havia sobrevivido junto com seu marido e seus filhos, refugiados da guerra. Devido a todo terror que passou, e por acreditar que nĂŁo havia mais ninguĂ©m da famĂ­lia lĂĄ, decidiu nĂŁo voltar a URSS. Recomeçou a carreira com a Companhia Orlikovsky, sediada em Munique, na qual havia outros russos expatriados como ela. Tornou-se a primeira bailarina da companhia. Depois foi para a BĂ©lgica, onde se tornou primeira bailarina da Ópera de LiĂ©ge e professora da academia de Madame Alexeieva em Bruxelas. Depois, ItĂĄlia, com o Ballet do Scala MilĂŁo, onde, alĂ©m de primeira bailarina, trabalhou tambĂ©m como mestra coreĂłgrafa da companhia, em turnĂȘ pela Espanha. Lecionou em Madri, na academia de Madame Taft entre 1952 e 1953 dançou e deu aulas em Paris. Durante sua jornada encontrou muitos compatriotas com os quais ela dividia histĂłrias de muita luta e tristeza, histĂłrias de pessoas, que assim como ela, foram sobreviventes da grande guerra.

 

Feodorova e o Brasil

A convite de Dalal Achar para ser mestra coreĂłgrafa da companhia Ballet do Rio de Janeiro, Eugenia Feodorova chegou ao Brasil no dia 24 de agosto de 1954.

 

As aulas de Feodorova eram severas e fortes, requeriam muita dedicação de seus alunos, e davam aos mesmos uma base tĂ©cnica sĂłlida. Genia sabia como brigar e corrigir quando necessĂĄrio, mas tambĂ©m sabia estimular os alunos a buscarem o melhor, suas broncas e incentivos eram distribuĂ­dos na justa medida. Ela nĂŁo ensinava apenas os passos e a correta postura do balĂ©, ela ensinava tambĂ©m todo o movimento cultural que o balĂ© representava. De onde surgira, como surgira e o significado de cada passo ou movimento, uma verdadeira aula da cultura do balĂ©. A mestre foi madrinha da segunda turma de formandos da Escola Bolshoi. Por diversos anos foi convidada especialmente para participar das avaliaçÔes finais dos alunos. Eugenia gostava muito de conversar com as crianças e orientĂĄ-los sobre a forma correta de realizar determinado movimento para que eles pudessem melhorar o desempenho durante as aulas.

 

Em dezembro de 1956, Eugenia Feodorova foi responsĂĄvel pelo sucesso inaugural da jovem companhia Ballet do Rio de Janeiro, com a primeira versĂŁo no completa, no Brasil, do espetĂĄculo Quebra Nozes com exibição no Teatro JoĂŁo Caetano. O espetĂĄculo teve curta temporada, porĂ©m com lotação esgotada em todos os dias e rendeu calorosos elogios da crĂ­tica. Esse foi o primeiro e Ășnico trabalho apresentado por Eugenia Feodorova como mestra coreĂłgrafa da Companhia. Logo apĂłs o tĂ©rmino dessa temporada Feoderova foi contratada como mestra coreĂłgrafa pelo Theatro Municipal, e inaugurou simultĂąneamente sua prĂłpria academia no Leblon. 

 

Logo apĂłs assumir o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, para desempenhar o trabalho de mestra coreĂłgrafa em 1958, notou-se que o nĂ­vel dos bailarinos e da companhia deu um grande salto. Em seu trabalho, Feodorova dava igual atenção aos solistas e ao conjunto, demonstrando respeito ĂĄ todos e incentivando sempre o grupo a dar tudo de si para alcançar a perfeição. Feodorova estava preparando seus alunos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro para um feito histĂłrico, a apresentação do primeiro Lagos dos Cisnes completo na AmĂ©rica Latina. Contando com o fatalismo de Tchaikovsky para demonstrar a luta entre o bem e o mal, a versĂŁo de Feodorova teve estrĂ©ia em novembro de 1959, ano em que o municipal celebrou seu cinqĂŒentenĂĄrio. Outro grande feito de Feodorova e a companhia do Theatro Municipal foi a execução de O Galo de Ouro entre 1906 e 1907.

 

Em dezembro de 1961 houve a estrĂ©ia de O descobrimento do Brasil, com mĂșsica de Villa Lobos. A peça retrata a histĂłria do descobrimento de nosso paĂ­s. Com começo em Portugal, com a partida das embarcaçÔes, ilustrando a viagem dos portugueses e a chegada ao Brasil. Um romance que demonstra a tristeza na despedida dos portugueses Ă  suas casas, a saudade, o medo, a incerteza e a irritação durante a longa viagem e, por fim, a felicidade e lisongeamento ao chegar ao Brasil.

 

Fundação Brasileira de Ballet e o Golpe Militar

Feodorova transferiu a sua academia do Leblon para Copacabana: uma espaçosa cobertura na Rua Santa Clara, de onde se avista o Corcovado. Em Copacabana, formou bailarinos como RosĂĄlia Verlangieri, Isolina SodrĂ©, Armando Nesi, Eleonora AragĂŁo, Nair MoussatchĂ©, Norma Pinna e Roberto de Oliveira. Ali estabeleceu a sede da Fundação Brasileira de Ballet, entidade oficial, votada pela cĂąmara, embora nĂŁo recebesse apoio financeiro. A fundação juntava alunos e profissionais das turmas adiantadas que se apresentavam em diversos teatros cariocas e em turnĂȘs por vĂĄrias cidades do paĂ­s. O golpe militar de 1964 impediu que Feodorova criasse uma grande companhia nacional de dança, vinculada ao MinistĂ©rio da Educação.

 

Desde seu falecimento, em 2007, com o auxĂ­lio de professores formados por essa grande mestra o Espaço Feodorva trabalha para dar continuidade a uma formação de qualidade.

 

PrĂȘmios, homenagens, tĂ­tulos e conquistas

‱Medalha de Ouro da Associação de Críticos Teatrais (1958);

‱PrĂȘmio TV Tupi de Melhor CoreĂłgrafa (1959);

‱TrofĂ©u Nijinsky (1960);

‱PrĂȘmio de Melhor CoreĂłgrafa do Estado da Guanabara concedido pela Secretaria de Educação e Cultura (1961);

‱Convidada por Harold Hecht para ser coreógrafa do filme hollywoodiano Tara Bulba, que tinha como atores principais Yul Brynner e Tony Curtis, dirigido pó J.Lee Thompson e realizado pela United Artists (1961);

‱Convidada para dirigir a temporada de balĂ© da Ópera de Berlim, estrelada por Mais Plissetskaia (1974);

‱Placa de Agradecimento de Ribeirão Preto (1975);

‱Diploma de Honra da Universidade de Sergipe (1977);

‱Medalha dos 70 anos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (1979);‱Placa de Homenagem da Academia Maranhense de Ballet (1979);

‱Título de Carioca Honorária conferido pelo jornal O Globo (1981);

‱Título de Cidadã Honorária concedido pela Cñmara Municipal do Rio de Janeiro (1989);

‱Essas mulheres maravilhosas – Homenagem da TV Bandeirantes (1984);‱Medalha de MĂ©rito ArtĂ­stico da Dança do CBDD – Conselho Brasileiro de Dança, associado ao Conseil Internacional de La Danse da UNESCO (1986);

‱Eleita vice-presidente do Conselho Brasileiro de Dança. Filiado ao Conseil International de La Danse da UNESCO, sediado em Paris (1980);

 

Fontes

Portinari, Maribel.

Eugenia Feodorova: A dança da alma russa

Maribel Portinari – Rio de Janeiro: FUNARTE: Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro, 2001

Série Memória do Theatro Municipal do Rio de Janeiro;

 

Wikipédia - http://www.wikidanca.net/wiki/index.php/Eugenia_Feodorova

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